Candidatos de 21 estados registram "Bolsonaro" como nome de urna para as eleições de 2024.
- Aqui Agora 24hs
- 21 de set. de 2024
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Consulta a dados de registro das candidaturas nas eleições 2024 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram mais de 60 candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador que optaram por Bolsonaro como parte do nome de urna. A grande maioria é de filiados ao PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas a lista analisada pela Gazeta do Povo também traz registros de “Bolsonaros” ligados a partidos de esquerda, como o Solidariedade e o Partido Socialista Brasileiro (PSB).
À exceção do irmão Renato, candidato a prefeito pelo PL em Registro (SP), dos filhos Carlos e Jair Renan, candidatos a vereador pelo PL no Rio de Janeiro (RJ) e em Balneário Camboriú (SC), e de Leonardo Rodrigues de Jesus, sobrinho conhecido como “Léo Índio” e que adotou “Léo Bolsonaro” como nome de urna na disputa para vereador em Cascavel (PR), nenhum dos outros Bolsonaros têm relação de parentesco direto com ex-presidente. Há casos de “primos distantes” de Jair Bolsonaro, como se apresentam alguns candidatos no interior paulista que levam o sobrenome do “tio” mais conhecido.
Há registros de “Bolsonaros” candidatos em 21 estados brasileiros. São Paulo reúne a maior concentração deles, com 16 disputando vaga nas Câmaras Municipais e um candidato a vice-prefeito. São nove os “Bolsonaros” mineiros, sete candidatos a vereador e um candidato a prefeito. No Paraná são três os candidatos sem relação familiar que adotaram o sobrenome do ex-presidente.
Bahia, Ceará, Espírito Santo, Pará, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul também têm 3 “Bolsonaros” cada em sua lista de candidatos a vereador e vice-prefeito. Amazonas, Mato Grosso do Sul, Piauí e Sergipe têm registrados dois “Bolsonaros” cada. Acre, Goiás, Paraíba, Pernambuco, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e Tocantis completam o rol, com um candidato cada nesta lista.
PL lidera partidos dos "Bolsonaros", mas há registros até no PSB
Entre os partidos políticos dos Bolsonaros “genéricos”, o Agir conta com cinco candidatos; o Republicanos tem quatro; Avante, PP e União Brasil contam com três cada; dois são filiados ao PRTB e outros dois concorrem sob a sigla do PSB. DC, MDB, Mobiliza, Novo, Solidariedade, Podemos e PRD têm, cada um, o seu próprio Bolsonaro. Nenhum, porém, chega perto dos 32 Bolsonaros ligados ao PL, partido do homônimo mais famoso.
Para o consultor político Gaudêncio Torquato, a profusão de candidatos carregando o nome de Bolsonaro nas eleições 2024 ainda é reflexo da polarização presente nas eleições gerais de 2018 e 2022. Em entrevista à Gazeta do Povo, ele explicou que o fenômeno era esperado, e acabou se confirmando.
“É uma tentativa de se atrelar a uma espécie de ‘padrinho’, o que acaba dando uma conotação federal a uma eleição que deveria ser apenas municipal. É como um patrocínio que não envolve dinheiro, e sim o nome daqueles que têm força política no Brasil”, avaliou.
De acordo com o consultor, a existência de “Bolsonaros” filiados ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), tradicional representante da esquerda brasileira e da base do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – é a legenda do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin – mostra a falta de densidade de algumas agremiações políticas no país.
“Há partidos no Brasil que não se fixam em pilares conceituais. São legendas que aproveitam a onda eleitoral, e acabam se associando a nomes com mais peso. Isso acaba desnaturando, desqualificando a identidade desses partidos”, analisou.
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